A partir da ultima quinta (8), o projeto ELO: Memória e Afeto abre convocatória para recebimento de fotos de famílias negras, indígenas ou mestiças de Pernambuco. As imagens serão selecionadas para compor uma pesquisa e exposição fotográfica que tem como centralidade a preservação das memórias afetivas dessas famílias enquanto fontes históricas e de expressão cultural da população negra. A convocatória para o envio de imagens segue aberta até dia 22/04.

Realizado pelos pesquisadores, artistas audiovisuais e graduandos em Cinema pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Beatriz Lins e Rafael Nascimento, o ELO tem incentivo da Lei Aldir Blanc, por meio da Secretaria de Cultura do Governo do Estado e da FUNDARPE. Podem inscrever uma foto por pessoa no formulário: https://bit.ly/InscricaoProjetoELO.
Por meio de uma curadoria, o projeto selecionará até 20 fotografias para compor a exposição, que será realizada nas redes sociais e em outros espaços virtuais e físicos. Não há restrição de tempo para as fotos e nem de formato, elas podem ser digitais ou analógicas. Os registros devem ser de acervos familiares ou pessoais e ter pessoas negras ou indígenas como protagonistas das imagens.
Cada pessoa pode inscrever apenas uma imagem de sua família e os selecionados e as selecionadas receberão um cachê simbólico no valor de R$ 50 pela utilização da fotografia. O resultado da curadoria será divulgado no dia 28 de abril.
História
O ELO: Memória e Afeto surge como uma adaptação de outros projetos ao momento pandêmico e acaba por trazer novas perspectivas políticas e culturais que podem ser expressas pela maior participação das famílias e suas colaborações. De acordo com Rafael, a primeira ideia do projeto era de realizar ensaios fotográficos, o que foi impossibilitado pela necessidade de distanciamento social. “A gente estava desenvolvendo atividades, pesquisas e outros roteiros e tivemos que fazer algumas adaptações”, conta.
Daí, veio a ideia da iniciativa ser desenvolvida a partir do acervo fotográfico das pessoas, refletindo suas vivências e experiências afetivas. A proposta é que ao falarem de si, as famílias tragam suas subjetividades e narrativas, transformando a estigmatização das representações da população negra na mídia hegemônica e em outros espaços. Possibilitando que o amor e a afetividade também sejam enxergados nessas famílias como em quaisquer outras e também em forma de resistência política.
Nesse contexto, surgiu a convocatória e curadoria de registros familiares e pessoais. “Acho que acontece um sentido duplo. Tanto individualmente o participante vai fazer essa ação de olhar para a sua família e relatar o porquê essa fotografia representa essa afetividade, essa vivência afetiva dessa família que traz essa memória, e ao mesmo tempo a gente se propõe a construir isso de forma mais ampla juntando essas diversas fotografias de diversas famílias com diferentes relatos. Então vai criar a exposição a partir desse mosaico, uma construção maior”, explica Rafael.
Para Beatriz, “lidar com a memória é também uma forma de prolongar o afeto, uma forma de acalentar o espírito coletivo”. Ela afirma que na ideia dos ensaios as subjetividades viriam muito a partir da visão de quem está organizando o projeto, das pessoas que estão se propondo a fazê-los. Com a adaptação por conta da pandemia, as subjetividades têm mais possibilidades de vir com muitos outros olhares.

“Revisitar essas fotos e memórias, e falar sobre elas com amor, com afeto é uma forma de nos fortalecer também. Vivemos numa sociedade estruturalmente racista, somos agredidos de diversas maneiras e por isso acreditamos que falar de nós e dos nossos com carinho e respeito, principalmente nessa conjuntura que estamos vivendo, é uma maneira de contribuir com a nossa resistência”, explica.
O formulário de envio de fotos será encerrado às 23h59 do dia 21 de abril.