Doralyce lança disco afrodiaspórico, com influência da cultura árabe e latinidades

Nesta sexta-feira (2), o público encontra nas plataformas de streaming o quarto disco da pernambucana e afrofuturista Doralyce, também conhecida como Miss Beleza Universal. Intitulado Dassalu, ele é composto por nove músicas, que misturam afropop, pop latino, nova MPB, pagotrap, R&B, pop, hip hop, salsa bregadeira, trapfunk, downtempo e chill out, mostrando o estilo Olinda Original Style.

Doralyce Foto: Bea Salgado

O músico João Donato participa do novo trabalho na faixa Plexo Solar, com beat e coprodução de Marché. Wara Beats está nas músicas Antes de nascer o sol, Dito pelo não dito, Éwa e Eu disse basta, e Felipe Pomar, além de coproduzir o disco, comanda os beats Tão bem, Dassalu e Fúria. A produção musical é de Guilherme Kastrup, um dos principais nomes da música brasileira, que produziu os discos A Mulher do Fim do Mundo e Deus é Mulher, de Elza Soares. Na masterização, Ricardo Prado, produção executiva da própria Doralyce, consultoria de Cris Rangel, e distribuição e edição da Colmeia 22 junto a Altafonte.

Contemplado pelo Rumos Itaú Cultural 2019-2020, também integra o projeto o Manifesto Dassalu, definido como um código de inovação e tecnologia para emancipação de pessoas pretas, latinas e LGBTQIAPN+, com enfoque em mulheres. Ainda, são disponibilizadas para o públicopartituras das canções que compõem os álbuns Dassalu e Dávida – este lançado no ano passado dentro do programa. Tudo estará no ar no mesmo dia em https://colmeia22.com.br/.

O disco

Os versos e ritmos se entrelaçam por misturas de sonoridades, estilos e timbres, que vão das batidas do tambor à calmaria. Nas composições, Doralyce transborda sua essência, ancestralidade e afetos. Utiliza instrumentos, expressões, palavras do idioma iorubá, contemplando a veia ancestral que tem, como mulher preta descendente das rainhas africanas.

Em Fúria, música de abertura do álbum, apresenta, por exemplo, uma narrativa ritualística sobre caminhada, coragem de encarar a vida, enfrentar as adversidades e mudar as coisas. Ventos de Oyá e Ewá manifesta a fé nos orixás, que protegem, orientam, ajudam a enfrentar os obstáculos, ancorando os movimentos da vida, tirando do caminho todos os medos e incertezas que paralisam diante dos desafios.

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O álbum traz análises de conjuntura, reflexões sobre os problemas sociais e reflete outras mulheres que fizeram diferença por meio de palavras, ações e pensamentos. Entre elas estão Rosa Parks, Bell Hooks, Lélia Gonzales e Marielle Franco, citadas na canção Eu disse basta. A vida do povo preto no Brasil é tema de Dito pelo não dito, que fala sobre a atuação da grande mídia e denuncia a violência policial contra essa população.

A composição que leva o nome do disco, Dassalu, defende a ideia que Doralyce propaga de que é sempre possível rebolar até o chão sem perder o foco na missão da revolução afetuosa. A letra fala sobre reparação histórica afrocentrada, enfatizando referências das culturas árabe, muçulmana e nigeriana.

A música como cura fica enfatizada na faixa Plexo Solar, um feat com Donato, beats e coprodução de Marché. A sonoridade é quase uma meditação ativa guiada, já que a cantora se ancora no tripé corpo, mente e alma e, mesmo em transe consciente, o corpo em movimento é uma premissa. O amor, afeto, plenitude, reencontro consigo e com o outro e celebração da vida são temáticas encontradas em Tão Bem, Antes de nascer o sol e Mete Dança!.

O manifesto

Manifesto Dassalu – código de inovação e tecnologia para emancipação de pessoas pretas, latinas, e LGBTQIAPN+ – propõe um novo modelo conceitual e estético com ações que, na prática, valorizam, respeitam e protegem a liberdade individual e criativa. Assim, ele aborda estratégias e ferramentas para modificar a realidade desigual de mundo.

Segundo a artista expõe no manifesto, a estética da cultura afrodiaspórica é o resultado da história transcrita em arte, uma tendência que pode virar costume, e costume é cultura. De acordo com ela, Dassalu aponta para uma revolução diversa e isonômica que valoriza, preserva a  multiplicidade das populações marginalizadas pelo Estado – entre elas, pessoas pretas , indígenas, latinas, LGBTQIAPN+, pobres, pessoas com deficiência, vítimas da opressão, por estarem fora do padrão patriarcal, branco, cis- heteronormativo,  ocidental.

“Quando unimos o conceito dentro de um ensaio manifesto, atravessamos a marginalidade do apagamento dessas ideias para manter acesa a esperança de que outras companheiras vão ler e se rebelar”, observa ela no texto.

A artista

Neste ano, Doralyce foi a única cantora preta de Pernambuco a estar no palco do Festival do Futuro. É cantora, compositora e empresária à frente da Colmeia 22 – produtora de música afrofuturista e etnopop – pela qual lançou projetos de artistas como Bia Ferreira, Bixarte, Luana Flores, Pacha Ana, Tyaro, Bruna BG, Grupo Bongar, Rúbia Divino, Vinicius Lezo, Abulidu e Júlia Tizumba, além dela própria.

Ela, que participa do meio musical desde os três anos, passou a ganhar destaque na cena a partir de 2016, ocupando os palcos e usando o microfone com assertividade, a fim de propagar a revolução por meio do amor, da cura pela música e do movimento da vida relacionado à dança.

Ativista, traz para suas composições as causas que defende: afrofuturismo, afeto, a mulher, ancestralidade, liberdade dos corpos, autoconhecimento e emancipação. Propaga aos quatros ventos que as pessoas podem rebolar o quadril com uma mão no joelho e a outra na consciência.

Pelo que representa, a artista foi tema de tese de doutorado, apresentada como expoente do Afrofuturismo na universidade de Northwestern, em Chicago, nos Estados Unidos.

Empresária, Doralyce tem o propósito da emancipação pela arte, pensando novas práticas menos ostensivas na indústria fonográfica através do conceito Dassalu, o código de inovação e tecnologia. Esse é o modelo de negócio da Colmeia22, que visa o crescimento das artistas para que o mercado todo se transforme.

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