A cantora e compositora curitibana Brinsan N’Tchalá apresenta para o público o clipe de “Respeito”, single que precede o lançamento do seu álbum de estreia, Álbum Respeito, onde faz referência à riqueza, à beleza, às coisas boas e leves da vida das mulheres negras.
Brinsan é filha de Francisco N’Tchalá (in memorian), revolucionário da Guiné Bissau que fez parte dos quadros responsáveis pela independência do país, em 1974. Ao imigrar para o Brasil, foi um dos fundadores do Movimento Negro Unificador em Curitiba (MNU). Com ele, a artista aprendeu a não se curvar para a branquitude e a todos os sistemas opressores de silenciamento. E é essa força e orgulho em ser negra que ela apresenta em seu trabalho.
Brinsan teve em sua trajetória uma série de restrições a tratamento digno por conta do racismo e machismo ainda tão presentes na sociedade. E é justamente sobre empoderamento negro e feminino que a letra da música fala. O videoclipe, dirigido e roteirizado pela própria artista, traz uma série de simbolismos africanos: quadros, roupas, cores, imagens e também a participação de dançarinas angolanas.

A beleza das imagens e a imponência trazidas à obra são um destaque a um novo paradigma urgente e necessário ao cenário atual brasileiro, que vai além dos conceitos ultrapassados, mas que com frequência são reeditados nas produções audiovisuais que são criadas utilizando a imagem de mulheres negras.
“A música e o videoclipe de ‘Respeito’ são preciosidades. Retrata a realidade de tantas mulheres negras que precisam exigir respeito em situações simples para a maioria das pessoas, mas que na nossa vida cotidiana são um grande problema”, explica Brinsan. “O básico ainda não foi alcançado no que tange à direitos e tratamento digno, e enquanto essa for uma realidade, mais vozes como a minha terão que se levantar em busca de respeito”.

A artista acredita que o chamado de “Respeito” é justamente à reconexão com uma parte da África que pouco se fala: a riqueza, a abundância, a beleza e o resgate a reinados grandiosos do continente, apagados pela história neste país.
“Um povo com referências e memória é um povo livre”, finaliza.
