“A escola sempre foi vista por mim como um lugar com potencial para transformar minha história”, declara a professora Gina Vieira Ponte de Albuquerque. Impregnada desse sentimento, a educadora decidiu garantir que o espaço escolar pudesse também impulsionar mudanças positivas em seus alunos e alunas. A oportunidade singular para isso surgiu de uma forma inusitada, quando ela deparou com um vídeo de uma aluna de apenas 13 anos, em uma rede social.

No vídeo, a menina compartilhava um conteúdo com teor erótico, que reproduzia a representação de mulheres objetificadas – algo muito comum entre as adolescentes. A professora decidiu, então, estudar o motivo pelo qual as meninas empreendiam esse tipo de comportamento. “Concluí que desde cedo elas são apresentadas a esse referencial feminino: a mulher sempre medida pelo quanto que é sexualmente desejável, pelo quanto ela corresponde a um determinado padrão de beleza”, lembra.
Assim, surgiu a ideia da elaboração de um projeto com os estudantes, com o objetivo central de permitir que conhecessem a biografia de grandes mulheres e suas significativas realizações. “A iniciativa pedagógica teve como eixo estruturante de todas as ações a concepção de que, para superarmos a representação da mulher objetificada, que é tão recorrente na mídia, precisamos colocar em evidência outras representações femininas”, explica.
Educação e prevenção
O projeto – Mulheres Inspiradoras – teve grande repercussão, recebeu muitos prêmios e fez da professora importante voz em defesa da educação para a igualdade étnico-racial e de gênero. Na próxima 2ª feira (29/3), às 18h, ela vai participar, como expositora, de uma live da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Comsiv) do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), em parceria com o governo de Minas, em torno da seguinte pergunta: “Como a educação pode ajudar a prevenir a violência doméstica?”
“Na live, vamos conversar sobre temas relacionados à violência contra meninas e mulheres. A proposta é refletirmos sobre que aspectos colaboram para que o Brasil continue sendo um país com altos índices de feminicídio, de estupro e de abuso. E como a educação pode dar sua colaboração nessa agenda urgente, necessária e importante para todos nós, que é a promoção de uma cultura de combate a todas as formas de violência contra meninas e mulheres“, declara a professora.
Natural de Brasília, Gina Vieira Ponte é graduada em Letras pela Universidade Católica de Brasília (UCB) e pós-graduada pela Universidade de Brasília (UnB) em Educação a Distância, Desenvolvimento Humano e Inclusão Escolar, Letramentos e Práticas Interdisciplinares nos Anos Finais. Atua como professora de educação básica desde 1991.
O debate com a professora será transmitido pelo canal do TJMG no Youtube. Confira aqui . O juiz Gustavo Corte Real, da comarca de Vespasiano, será o mediador da atividade. A diretora de ensino médio da Secretaria de Estado de Educação, Letícia Silva Palma, vai atuar como debatedora.