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10 livros de autores negros para você ler na ‘quarentena’

Uma lista de livros para ler durante esse período de isolamento social.

Estamos vivendo em uma pandemia, por conta disso todos precisamos ficar em casa tendo o menor contato possível com outras pessoas para que o coronavírus não se espalhe mais ainda. Mas tanto tempo dentro de casa pode não ser tão bom, estamos sendo bombardeados por notícias que aumentam a tensão e precisamos achar coisas para distrair a mente. É por isso que durante essa semana o Cultura Preta vai trazer listas para te ajudar a sair dessa rede de notícias e também matar o tédio quando for preciso. A lista de hoje é: livros!

1. Mesmo que eu vá embora

Camila e Helena são amigas virtuais há muito tempo, desde que Helena deixou um comentário em uma postagem no blog de Camila. Mas as duas vivem separadas por mil quilômetros de distância, em Estados diferentes do Brasil. Durante a participação em um evento acadêmico que a leva a viajar para a cidade de Helena, Camila tem a chance de conhecê-la. Mas a essa altura, os gostos em comum que as duas compartilham e tudo o que já dividiram uma com a outra pela internet já se tornaram algo mais. E agora, o tempo que elas têm para ficar juntas é muito pouco. Um livro de Lethycia Dias sobre relacionamentos virtuais, em tempos que é a única forma que podemos nos relacionar.

2. A rota que me levou a você

Entre livros, bolos de cenoura com calda de chocolate e rotas erradas, Maria vive uma experiência única: se apaixona. Esse é só um dos livros de Lorrane Fortunato, se você procura romance e sensibilidade, vale a pena ler todos os seus livros.

3. Bem-vindos à Rua Maravilha

Quando Igor escreveu Rua Maravilha, a última coisa que esperava era ser levado à sério. Mas, depois de conhecer o diretor/prodígio/gênio André Mariani, descobriu que seu texto era tão bom que poderia tornar-se um musical. Nos próximos meses, a vida de Igor será tomada pela produção desse espetáculo, juntando um grupo de atores tão apaixonados quanto os autores da peça. E entre ensaios, suor e lágrimas, eles fazem de tudo para transformar Rua Maravilha em realidade. O livro de Gabriel Mar é sensível e belo, traz várias discussões em uma delicadeza e escrita única.

4. Assim na terra como embaixo da terra

Uma colônia penal isolada – um terreno com um histórico tenebroso de assassinato e tortura de escravos –, construída para ser um modelo de detenção do qual preso nenhum fugiria, torna-se campo de extermínio. Espécie de capitão do mato/carcereiro, Melquíades é o algoz dos presos, caçando e matando-os como animais, apenas por satisfação pessoal. Os presos, cada qual com sua história, estão sempre planejando a própria fuga, sem saber se vão acabar mortos pelos guardas ou pelo que os espera do lado de fora da Colônia. Ana Paula Maia nos tira da vibe romance e nos trás um conteúdo mais denso, porém com muita qualidade.

5. Sankofia: Breves histórias sobre Afrofuturismo

Sankofia é uma viagem por 12 contos de inspiração afrofuturista que passeiam por várias possibilidades literárias, mesclando, por exemplo, empregadas domésticas e terror social, Maracatu e Sword & Soul, patrimônio histórico e mistério; fantasia, poderes e representatividade, ficção científica e o que nos faz humanos; cultura e mitologia africana. Se tem uma coisa que tem chamado a atenção nos últimos tempo é o Afrofuturismo, uma das autoras mais relevantes desse movimento é a Lu Ain-Zaila. Sankofia é só uma das suas produções, que é uma ótima entrada para quem quer se jogar no afrofuturismo.

6. Caçador Cibernético da Rua 13

Neste universo, chamado ketu 3, vive joão arolê, um jovem negro, caçador de aluguel de espíritos malignos. Um personagem complexo, que assim como os deuses africanos é suscetível a incerteza e arca com as consequências de viver em um mundo em que bem e mal não pertencem a dimensões distintas. João tem crises de consciência, dúvidas e insônias. Tenta compensar as mortes que causou como forma de se livrar das consequências dos seus atos. Uma oportunidade de redenção surge quando uma série de assassinatos envolvendo celebridades de ketu três faz seu povo precisar de um herói que possa solucionar esta questão. O que joão não sabe é que sua tentativa de redenção o colocará frente a frente com questões mal resolvidas do seu passado, personificadas em um caçador vingativo, que o reencontra para um derradeiro acerto de contas. Se é para falar sobre afrofuturismo, não podemos deixar de fora um dos principais nomes dessa literatura no Brasil: Fábio Kabral.

7. Todo mundo tem uma primeira vez

Todo mundo tem uma primeira vez reúne seis contos inéditos escritos por nomes de destaque da literatura juvenil brasileira atual. São histórias criadas sob diferentes perspectivas que se encontram e se somam para falar de algo quase sempre tão simples quanto inevitável: a primeira vez. Uma nova experiência, seja ela boa ou não tão boa assim, é o que deixa marcas para toda a vida e nos transforma em quem somos. É o lugar para onde se olha em retrospectiva, depois de trilhada a jornada, e sobre o qual se diz: “foi ali que começou”.

8. Rastros de resistência

RESISTÊNCIA. Essa é a palavra que melhor define a história do povo negro. Neste livro, Ale Santos (que está na coletânea do tópico anterior) resgata o passado de grandes reinos que tiveram sua história apagada ou silenciada ao longo dos anos de colonialismo e pós-colonialismo. Reis, rainhas, guerreiros e amazonas que lutaram bravamente em seus territórios são apresentados com toda sua força ancestral. Conheça a história do líder quilombola Benedito Meia-Légua, da princesa guerreira que invadia navios negreiros, o poderio do Império Axânti, assim como as atrocidades cometidas contra os povos da África e a perpetuação dos discursos de racismo. Como diz o autor, essas “histórias não são apenas um pedaço de cada povo antigo: são pedras fundamentais para reconstruir novos impérios culturais africanos pelo mundo”. Trata-se de uma obra indispensável, que registra o histórico de lutas e resistência do povo negro.

9. Sejamos todos feministas

“A questão de gênero é importante em qualquer canto do mundo. É importante que comecemos a planejar e sonhar um mundo diferente. Um mundo mais justo. Um mundo de homens mais felizes e mulheres mais felizes, mais autênticos consigo mesmos. E é assim que devemos começar: precisamos criar nossas filhas de uma maneira diferente. Também precisamos criar nossos filhos de uma maneira diferente. “Chimamanda Ngozi Adichie ainda se lembra exatamente da primeira vez em que a chamaram de feminista. Foi durante uma discussão com seu amigo de infância Okoloma. “Não era um elogio. Percebi pelo tom da voz dele; era como se dissesse: ‘Você apoia o terrorismo!'”. Apesar do tom de desaprovação de Okoloma, Adichie abraçou o termo e — em resposta àqueles que lhe diziam que feministas são infelizes porque nunca se casaram, que são “anti-africanas”, que odeiam homens e maquiagem — começou a se intitular uma “feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens”. Neste ensaio agudo, sagaz e revelador, Adichie parte de sua experiência pessoal de mulher e nigeriana para pensar o que ainda precisa ser feito de modo que as meninas não anulem mais sua personalidade para ser como esperam que sejam, e os meninos se sintam livres para crescer sem ter que se enquadrar nos estereótipos de masculinidade.

10. Racismo Estrutural

Nos anos 1970, Kwame Turu e Charles Hamilton, no livro “Black Power”, apresentaram pela primeira vez o conceito de racismo institucional: muito mais do que a ação de indivíduos com motivações pessoais, o racismo está infiltrado nas instituições e na cultura, gerando condições deficitárias a priori para boa parte da população. É a partir desse conceito que o autor Silvio Almeida apresenta dados estatísticos e discute como o racismo está na estrutura social, política e econômica da sociedade brasileira. Essa é uma dica de leitura mais acadêmica, perfeito para quem quer entender mais sobre o assunto. O livro Racismo Estrutural faz parte da coletânea Feminismos Plurais, coordenado por Djamila Ribeiro, a coletânea tem diversos livros com temas interessantes e linguagem acessível.

Menção Honrosa

Conheça o perfil Resistência Afroliterária no twitter, focado em divulgar a literatura produzida por pessoas negras. O perfil traz sempre informações sobre as produções e fazem threads maravilhosas.

Veja também as outros listas:

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