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Durante programação de rap, samba e funk, artistas projetam tags de pixo na Virada Cultural de SP

Intitulada ‘Holograma das Ruas’ a iniciativa nasceu do desejo de dar visibilidade e reconhecer a relevância da arte da pixação enquanto cultura urbana e periférica, que constitui a cidade de São Paulo.

Com o objetivo de dar visibilidade e reconhecer a relevância da arte da pixação, enquanto linguagem e cultura urbana da cidade de São Paulo, a iniciativa ‘Holograma das Ruas’ fará projeções a laser de tags de pixo na Virada Cultural de São Paulo, entre os dias 28 e 29 de maio, a partir das 18h até as 04h da manhã. As tags, serão projetadas no Vale do Anhangabaú durante shows de artistas  como Tássia Reis, Don L e Margareth Menezes, que representam ritmos urbanos e periféricos anteriormente marginalizados, como ainda é atualmente a pixação dentro da legislação brasileira. A idealização do ‘Holograma das Ruas’ é de Diogo Terra, responsável técnico pelas projeções, e do pixador e artista visual M.I.A., que também terá suas tags projetadas na ocasião. Outro artista que também terá suas tags projetadas será o artivista maranhense Jah no Controle, que também é um dos curadores da ação, ao lado de Fernanda Vismoart, que juntos selecionaram uma gama de outros pixadores para compor os “hologramas”. A produção é de Michelle Serra, em parceria com a também curadora, Vismoart. 

TAG MIA Foto: Reprodução
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Um holograma, nada mais é do que uma imagem tridimensional criada a partir da projeção de luz sobre figuras bidimensionais (2D), e dessa forma, cria-se uma terceira dimensão (3D). A partir de uma mensagem artística, e que busca também provocar uma reflexão social, o grupo de artistas, técnicos e produtoras explica que a terceira dimensão neste caso seria a própria rua, ou seja, o próprio cenário urbano que por um lado recebe o pixo, e por outro, também o repudia. 

“O pixo é muito marginalizado na nossa cultura e caracterizado como Crime Ambiental, o que não faz sentido. Porém, quando fazemos uma contraposição de como o ato de pichar é visto no Brasil e por europeus, como os franceses e alemães, nós entendemos a profundidade do debate. Isso porque essa galera é a que mais valoriza a pichação como expressão artística, enquanto no Brasil é criminalizado. E de repente a gente vê essa valorização vindo internacionalmente, com cineastas americanos vindo fazer filme sobre pichação no Brasil, eu mesmo já fiz trampo para artista francês e até mesmo uma capa de disco”, relata M.I.A.

E foi justamente com o intuito de promover este contraponto territorial, e valorizar nacionalmente o pixo, sem infringir a lei, que nasce o ‘Holograma das Ruas’, com a união da arte e da tecnologia, da marginalidade e da estética moderna fruto da união de artistas e agitadores culturais de São Paulo e do Maranhão. O projeto chega à Virada Cultural, um dos maiores eventos da cidade, após a retomada imposta pelo isolamento social do COVID 19, construindo pontes e possibilidades entre pessoas que passam pelos pixos diariamente, mas que os enxergam com preconceito, poderem os enxergar verdadeiramente como arte essencialmente nossa. 

Tal arte é inclusive utilizada como meio de incentivo para que jovens possam conhecer esse meio de expressão, entre outros do segmento, como os stickers, os lambes, o squeeze, e até o próprio graffiti – um dos quatros elementos do Hip Hop, que atualmente já é legalizado. O artivista maranhense Jah no Controle, é inclusive um dos arte-educadores responsáveis por promover oficinas de arte urbana no centro de São Paulo. “Hoje em dia as artes urbanas estão mais em alta, e há muitas modalidades, sendo inclusive a pixação uma das mais praticadas. E isso vem sendo transmitido de geração em geração, a galera vai transmitindo de um pro outro, e rolam muitas amizades, a maior parte das minhas amizades vieram do meio do pixo”, comenta Jah. 

Pintar muros e paredes é uma expressão artística da humanidade desde a pré-história, passando pela antiguidade e desembocando nos movimentos revolucionários e de lutas políticas. Foi nesse contexto que o graffiti – parte dos quatro elementos que compõe a cultura do Hip Hop – surgiu no Brasil nos anos 70, já como um movimento ligado às periferias e à população marginalizada que contestava a Ditadura Militar. Com o passar dos anos, assim como o samba, o rap, e funk, vem cada vez mais conquistando seu espaço e perdendo a característica marginalizada, e sendo valorizados como parte fundamental da cultural brasileira, e de raíz periférica, o caminho da pixação tende ir no mesmo sentido a partir da união de artistas, técnicos e produtores como os que se uniram para a criação do ‘Holograma das Ruas’. 

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“O que tem de mais contemporâneo no campo das artes é a pichação. A tipografia do pixo, faz parte da imagética da sociedade então não tem como a gente distinguir e colocar uma barreira entre a arte contemporânea e a pichação. Eu não acredito que as duas coisas caminham juntas porque é uma coisa só, e ter projetos como esse unindo a tecnologia com o pixo só mostra o quão plural é a linguagem do pixo e como a gente consegue alcançar lugares que não imaginávamos através dessa cultura paulistana. Então acho que projetos como esse são de suma importância para tirarmos o estigma de marginalização em torno destes artistas, que são isto: artistas, e não criminosos”, propõem Fernanda Vismoart, produtora e curadora da ação. 

SERVIÇO

Virada Cultural de SP – Holograma das Ruas

Data e horário: 28/05 às 18h até 29/05 às 04h

Local: Vale do Anhangabaú

Classificação Indicativa: Livre

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