Musica

Kimani divulga faixa-título de seu próximo e primeiro disco “Fé Refeita”

O resultado é uma música questionadora e subversiva que consegue trazer afago... Uma acolhida ao povo de axé/asè que tanto é agredido.

“Fé Refeita” é, propositalmente, o nome do single, clipe em formato de animação e primeiro álbum de Kimani. Faixa, já disponível em todas as plataformas digitais, é uma devolução da artista ao povo que tudo lhe dá, agradecendo às forças e seres que a guiam, além de se manifestar contra a intolerância e os chamados atos cristãos que condenam, oprimem, causam medo e queimam qualquer coisa que não seja branca e ocidental.

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Entre os fios condutores dessa obra, a inquietação diante das inúmeras e diárias notícias de terreiros de umbanda e de candomblé que hora ou outra são atacados, a necessidade de inverter a lógico colonialista e eugenista de salvação, que julga quem merece o céu e quem são os pobres condenados. Filmes como “Besouro”, que aborda cultos que os negros faziam escondido e de noite para não serem descobertos pelo sinhozinho, e “Auto da Compadecida”, escancarando a forma como eles representam um Deus preto que está muito próximo e atento aos pobres nordestinos, são algumas das inspirações.

“Todo o meu trabalho é inspiração, sopro dos mais velhos, as vozes dos que já foram e em tudo isso tem o meu servir, estar para o próximo, para o outro, para a comunidade preta. Eu sempre fui uma pessoa curiosa e com muita fé, desde a época que eu era católica, catequista e cantava no ministério de música e oração… Mas, depois de alguns anos, fui entendendo que minha fé estava para além das paredes da igreja e eu queria alçar voos maiores. Hoje, umbandista, sinto o quanto meu entendimento de comunidade e de fé é muito maior do que cabe num livro de escrituras. É uma fé na prática. Como aprendi com os ensinamentos do Apostolo Paulo, precisamos ter uma fé que liberta e não que aliena. Eu venho falar de fé num momento em que muitas pessoas estão desacreditadas e uma grande maioria que se propõe a falar sobre está numa missão de aprisionar e condenar pessoas. Em Mateus 10:34, Jesus disse: ‘Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada’. É nisso que acredito e dedico minha obra”, ressalta.

Conduzido por voz, violão, atabaque e muitas referências africanas, projeto conta com a produção de Rodrigo Ramos e marca a passagem poeta-musicista de um dos nomes mais comentados nos palcos de slam. 

Nessa construção de narrativa sonora, a influência é marcada por Mateus de Aleluia e os Tincoãs. “Mateus Aleluia é um mestre, um patrono e eu me inspiro muito nas músicas dele. Essa música de terreiro que transpassa o terreiro e as paredes da igreja. Canto que mais parece reza e oração pra Oxalá/Jesus”. O resultado é uma música questionadora e subversiva que consegue trazer afago… Uma acolhida ao povo de axé/asè que tanto é agredido.

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