Democratizar e documentar a cena preta artística brasileira, estimulando o debate e a reflexão sobre o teatro negro de ontem e de hoje, ao mesmo tempo em que apresenta novas alternativas para a trajetória dramatúrgica de amanhã. Com este enredo a Cia. Os Crespos, de São Paulo, traz à cena o terceiro número da Legítima Defesa – Uma Revista de Teatro Negro. Três encontros marcam o lançamento desta edição que acontece de forma online, nos dias 27, 28 e 29 de abril, às 20h pelo Youtube do Sesc Pompéia.


Após um hiato de cinco anos, a terceira edição, revista conta com textos de Altemar Di Monteiro (CE), Aza Njeri (RJ), Denilson Tourinho (MG), Elizandra Souza (SP), Liliane Braga (SP), Lucelia Sergio (SP) , Nabor Jr. (SP), Napo Masheane (África do Sul) e Sidney Santiago Kuanza (SP). Além de sua versão impressa – que será distribuída de maneira escalonada por conta da pandemia da covid19 – a Revista já está disponível em ambiente digital, de forma gratuita em nosso site Revista Legítima Defesa 03 – A última edição da revista havia sido publicada em 2016.
“Se por um lado as perspectivas que se apresentam ainda são nebulosas, especialmente para o povo preto e periférico, por outro, aqui estamos novamente para nos reaproximarmos, por meio dessa publicação edificada pelo afeto, diante deste penoso distanciamento social que nos afeta”, destaca Nabor Jr., Editor da Revista Legítima Defesa.

A publicação conta com uma matéria de intercâmbio com a África do Sul, escrita por Napo Masheane, poeta e dramaturga. A artista multilíngue nos convida a conhecer o teatro sulafricano feito por mulheres, discutindo as complexidades deste teatro e nos apresentando uma cena contemporânea construída a partir de literaturas orais e das teatralidades das culturas locais .
“O Teatro Africano faz parte da nossa identidade, espiritualidade e modo de vida. É uma forma de arte que se sintetizou por meio da recitação, ritmo e dança, vocalizações e música, contação de histórias e cerimônias tradicionais. Todos esses elementos carregam a teatralidade de nossa existência. E é justamente por esse motivo que devemos encontrar significado e definições de elementos do Teatro Africano a partir de várias expressões africanas plantadas em sua linguagem repetitiva, os batuques ritmados dos tambores”, escreveu Napo Masheane.

Inserida no projeto De Mãos Dadas: Afetos Políticos, Contornos Poéticos, viabilizado pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, o conteúdo da revista é distribuído em 12 editorias, com textos sobre: Teatro negro e transgressão; O movimento de fortalecimento da cena negra nacional; Arte negra no Ceará; Reflexões sobre o teatro negro para infância e juventude; Os 15 anos de importantes grupos de arte negra de São Paulo, Os Crespos, Ilú Obá de Min e Quilombaque; A passagem de Alberto Guerreiro Ramos pelo Teatro Experimental do Negro; além de homenagear artistas como Ruth de Souza, Chica Xavier e Zenaide Zen.
“O Teatro Negro, nos últimos 20 anos, vem num movimento ascendente de discussão sobre um novo teatro nacional. Esse teatro incorpora diferentes experiências estéticas para discutir a complexidade de nossa identidade negra, mestiça, que sofre com os impactos coloniais e escravocratas de nossa história. Lançar a revista neste 2021, marcado pelo terror da Covid-19, significa não deixar essa discussão se esvair, com o objetivo de fortalecer e alimentar a construção dessa cena cultural, ajudando a mantê-la viva e pulsante.” declara Lucelia Sergio, co-fundadora da Cia Os Crespos e integrante do Conselho editorial da Revista.

Encontros e Diálogos
Para marcar o lançamento deste terceiro número, três encontros proporcionam uma aproximação dos temas abordados nesta publicação.
As reflexões sobre os desafios do teatro negro na cena contemporânea, sobre as trajetórias que marcaram os últimos 05 (cinco) anos, sobre referências históricas e artísticas, assim como sobre as perspectivas futuras deste teatro, serão os motes das conversas que acontecem de forma online, pelo Youtube do Sesc Pompeia.
Além das mesas e conversas, durante os três dias, teremos “Pílulas Poéticas” com a multiartista Aretha Sadick.

