Quando se fala na luta negra contra o racismo é preciso lembrar de pessoas que desbravaram caminhos para que as gerações seguintes tivessem maiores possibilidades de mostrar que direitos e oportunidades são para todos. Ruth de Souza é uma dessas mulheres com aura de lenda, porque um ser humano que enfrentou, com elegância, as diferenças raciais, sociais e de gênero, nas quais, estava inserida, merece o respeito e o destaque de uma biografia que joga luz aos 100 anos de uma vida totalmente entregue à arte cênica.

história” Foto: Reprodução
O jornalista Ygor Kassab, em seu livro “Ruth de Souza: a menina dos vaga-lumes – 100 anos de história”, publicado pela Editora Giostri, destrincha a trajetória de mais de setenta anos de carreira profissional da atriz, promovendo um debate sobre os pontos primordiais que elevam o nome de Ruth ao rol das grandes artistas brasileiras. Um nome respeitado pela crítica brasileira e internacional.
Ela foi pioneira ao fazer parte do Teatro Experimental do Negro, que foi o primeiro grupo de teatro formado por atores afrodescendentes. Abriu portas ao viver a primeira Desdêmona negra, inspirada na obra de William Shakespeare. Escancarou os televisores “do Oiapoque ao Chuí” quando viveu a primeira protagonista negra das telenovelas da Rede Globo, em “A Cabana do Pai Tomás”. Superou os estereótipos e foi em frente.


O autor descortina em cada capítulo, uma passagem diferente da vida da atriz, trazendo
depoimentos de artistas e colegas assim como trechos de reportagens e matérias que a imprensa
brasileira publicou ao longo da longa carreira de Ruth. Uma trajetória embalada pela participação
profunda na ascensão do cinema nacional, na base do teatro moderno e na construção da televisão
brasileira. Lutas e glórias permeiam a biografia de uma mulher que concedeu visibilidade à
negritude mostrando que os sonhos de uma jovem negra não foram em vão. Ao contrário,
mudaram os rumos raciais diante da representação artística.