Mulheres Pretas que Inspiram Textos

Doutora Graciemília – Uma história inesquecível, uma vida de luta

A notável advogada e ativista será homenageada na OAB/MG 13ª Subseção Uberlândia.

No próximo dia 20 de julho de 2021, será inaugurada pela OAB/MG 13ª Subseção Uberlândia, a Sala de Apoio aos Advogados “Dra. Graciemília Ferreira da Silva”, na sede da 9ª Região Integrada da Segurança Pública de Uberlândia. Qual a importância desse fato para a cidade de Uberlândia? Quem é a Dra. Graciemília?

Dra. Graciemília Ferreira Foto: Arquivo Pessoal/Dra Andréa Morais
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Tentarei explicar em breves linhas e conter minha emoção. O nome da sala é uma homenagem à mulher, mãe, avó e advogada negra Dra. Graciemília, que atuou na área criminal por mais de 30 anos, defendendo a vida e a liberdade de pessoas negras criminalizadas e encarceradas, sobretudo os homens jovens. Além de atuar na advocacia, sempre participou ativamente dos movimentos negros locais, sendo uma incansável guerreira na luta contra a discriminação racial. Integrou a Comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB e com seu exemplo contribuiu para formar gerações de advogados e juristas comprometidos com a liberdade, a justiça  e a não discriminação.

Infelizmente, em 2020, a Dra. Graça, como é chamada pelos amigos mais próximos, foi uma vítima fatal da Covid-19 e deste tempo sombrio de homens sombrios no qual vivemos. Em sua luta incansável no exercício da advocacia e da garantia das liberdades, acabou sendo contaminada e não resistiu. À época, o número de mortos era bem menor. Hoje, em 2021, o número de vítimas fatais já passa de 540.000 e o Brasil permanece perecendo por conta de um “caos” que poderia ter sido evitado se tivessem sido implementadas políticas públicas efetivas. Mas, não somente, perece também por falta de humanidade e amor, impera por aqui o individualismo extremo.

Essa homenagem significa o reconhecimento público por parte da instituição OAB da importância da vida, atuação e legado da Dra. Graciemília na luta pela garantia dos direitos e da construção de uma sociedade mais justa e plural. Que venham os dias em que as pessoas negras e seus legados façam parte da memória pública da cidade. Cabe destaque que essa importante iniciativa não seria possível se não fosse a atuação efetiva da Comissão de Promoção da Igualdade Racial, presidida pela advogada Dra. Andréa Morais.

O reconhecimento simbólico é uma forma de reparação, sobretudo porque contribuirá para a preservação da memória e da história da luta incansável de uma mulher negra advogada. Esse ponto por si só resume a importância de promover o registro da memória por meio de uma ação como essa, rompendo com a lógica do apagamento da história e do legado de pessoas negras.

Por fim, termino este breve texto emocionada e ainda com muito a dizer, pois a história e o legado de pessoas como a Dra. Graciemília não cabem em poucas linhas. Enquanto ela esteve aqui no mundo material cumpriu a sua missão nesta jornada, de plantar as sementes e fundar as raízes para que advogadas/os e juristas continuassem a lutar por liberdade e justiça na cidade de Uberlândia.

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