A cultura de celebração à autoestima preta e feminina pela dança, teve início no anos 90, na Jamaica, onde Carlene Smith foi coroada a 1ª Dancehall Queen, representando as mulheres perante a sociedade machista. Para a professora, dançarina e pesquisadora Fabiana Rodrigues da Silva: “…As mulheres pretas são as maiores referências, tanto nos espaços de ensino de dança, como na produção de músicas. Elas se tornam inspiração, mas não ascendem profissionalmente como os homens. É necessário o resgate da nossa ancestralidade, da valorização da força e da potência do feminino, em seu sentido mais amplo e matriarcal que semeou essa cultura em todo o mundo e a mantêm nutrida.”
A Academia Dancehall, promove entre os dias 19 e 21 de Setembro um evento online de dança urbana jamaicana com foco na valorização e fortalecimento da cena feminina do dancehall no Brasil. O evento intitulado “Especial Queens” traz ao público brasileiro um line-up composto 100% por mulheres com aulas de Dancehall Queen e Female Steps.
Além da parte prática, acontecerá um bate-papo para disseminação e debate de informações teóricas sobre esta cultura e vertente feminina. As 10 aulas práticas serão ministradas pelas artistas: Fabi Silva (Minas Gerais), Luna Afro (Venezuela), Isah Jamaicaxias (Rio de Janeiro), Caro Alves (Argentina), Babiy Querino (São Paulo), Sista Lu (Argentina), Gleyde Lopez (Goiânia), Malu Rome (Peru), Jhey Oliver (São Paulo), Tuty PrettyVybz (Chile).
A cena Dancehall conta com referências essenciais para o fomento e valorização da cultura, por meio de suas produções musicais, estéticas e coreografias, como Gloria Groove em Yoyo, IZA em Ginga, Pabllo Vitar em Salvaje, Ludmilla em Solta a Batida, Mis Ivy e Lei Di Dai.
A categoria e o título Dancehall Queens (Rainhas do Dancehall) teve início nos anos 90, no formato de competições de moda em que coroou Carlene Smith que se destacou pela sua originalidade e por promover a autoestima feminina utilizando a dança como expressão. Representando as mulheres perante a sociedade machista. Depois começaram os “Dancehall Queen Contest” que já eram uma mistura de dança, acrobacias e figurinos.
A pesquisadora, dançarina e professora, Fabiana Rodrigues da Silva, ressalta a importância de resgatar o protagonismo feminino e preto dentro do dancehall, e principalmente no Brasil. “Precisamos expandir as narrativas e abrir espaço para que as mulheres tenham seu devido lugar de importância na cultura dancehall, e sobretudo na linguagem da dança no Brasil que sempre teve o referencial feminino baseado na estética branca européia. As mulheres pretas são as maiores referências, tanto nos espaços de ensino de dança, como na produção de músicas. Elas se tornam inspiração, mas não ascendem profissionalmente como os homens. É necessário o resgate da nossa ancestralidade, da valorização da força e da potência do feminino, em seu sentido mais amplo e matriarcal que semeou essa cultura em todo o mundo e a mantêm nutrida”.
A produção do evento pela Academia Dancehall, também resgata questões sensíveis na promoção das culturas pretas da Diáspora Africana, como a apropriação cultural que ocorre quando pessoas não-brancas e não-descendentes protagonizam o movimento.
O investimento para participar do evento é a partir de R$ 30 e as inscrições podem ser feitas pelo site http://www.academiadancehall.com até o dia do evento (amanhã).