Como um retrato sensível e profundo de sua trajetória, o rapper, produtor e compositor de Uberlândia, Minas Gerais, obelga apresenta Último Ensaio Sobre Seus Olhos, lançado pelo selo RISCO. Ao longo de dez faixas inéditas, o novo disco mistura o Rap com influências de R&B, Soul e Boogie, valorizando arranjos acústicos, instrumentação refinada e uma narrativa lírica intensa. Primeiro trabalho de estúdio, o projeto nasce da experiência de se entregar à relações afetivas e ao mesmo tempo refletir sobre a espera, a luta e a resistência enquanto artista independente, conectando-se a memórias de infância, amizades, família e à própria trajetória musical d’obelga.


Mais do que uma sequência natural, o disco representa um amadurecimento artístico que dá continuidade a uma linha iniciada com as mixtapes Caim (2021), seguida por Retaliação (2022) e Chucrilhos (2023 – lançado pelo selo Sertão da Farinha Podre, fundado pelo próprio artista), consolidando-se agora como seu registro mais coeso e profundo.
“Este disco é sobre relações que atravessam tempo e espaço, sobre o que a gente espera da vida e da música, e sobre como resistir e se manter íntegro nesse caminho. Cada faixa nasceu de uma vivência pessoal que se conecta com a vida de quem escuta”, afirma obelga. As participações especiais são parte fundamental da obra. Ana Frango Elétrico colabora no single “descansar é pecado”, faixa que abre o disco e sintetiza o tom sensível e híbrido do projeto. Segundo o artista: “O nosso encontro trouxe uma dimensão nova à faixa. Ana não só participa com a voz, mas dialoga com a composição e a energia da música. Nossos processos criativos se conectam na sensibilidade, mesmo que de formas diferentes”.
Além de Ana Frango Elétrico, nomes como VND, Murica, JOCA, dadá joãozinho, Gab Ferreira e Tarcis reforçam a diversidade de atmosferas e timbres que atravessam o álbum, enquanto as produções de RyamBeatz e Pirlo traduzem essa visão sonora. O trabalho com os dois produtores começou com encontros no estúdio Base, em São Paulo. Inicialmente convidado apenas para mixar as faixas, Pirlo logo percebeu que seria necessário um envolvimento mais profundo: regravar instrumentos, adicionar versos e participações novas, e experimentar diferentes arranjos até que cada faixa soasse viva. Para o produtor, o processo foi “muito natural e coletivo, como um rascunho pintado aos poucos – não tão perfeito, mas muito verdadeiro”, enquanto RyamBeatz lembra que tudo começou com beats enviados por ele para obelga, em 2021, que então serviram de ponto de partida para a construção do álbum.
O espírito colaborativo se refletiu no estúdio com cada músico que participou do projeto. RyamBeatz explica que o time, incluindo Bruno Mamede, João Viegas e Mackson Kennedy, contribuiu para direcionar a instrumentação de forma técnica, mas sempre aberta à experimentação: “Todo mundo entendia o que a gente queria construir, e tivemos liberdade para improvisar, tocar várias versões e explorar diferentes melodias. Isso trouxe riqueza e diversidade ao álbum”. Pirlo complementa que a coletividade foi crucial: “Cada pessoa que colocou sua verdade no disco fez o seu melhor, e isso se reflete na energia de cada faixa. Trabalhar, ouvir, voltar, ajustar, criar de novo – essa dinâmica trouxe autenticidade e calor ao projeto”. A lista de colaboradores fica completa com Bolim, Myckael Kevin, Dcazz, Linguini, Matheus Jacob, Affneguin, Homem Simples e Deangelo.
A sonoridade do disco ganha vida com a banda completa – teclado, violino, saxofone, trompete, guitarra, bateria, contrabaixo e backing vocals – permitindo diferentes dinâmicas e texturas que atravessam as músicas. Pirlo destaca ainda a homenagem a referências clássicas: “A gente buscou inspiração em Quincy Jones, Isaac Hayes e Mano Brown, sintetizando essas influências com um toque pessoal, moderno e orgânico”.
O conceito do álbum também se expande para o campo visual. Em parceria com o artista conterrâneo Bruno Queiroz, obelga encenou um casamento em frente à Igreja Nossa Senhora do Rosário de Miraporanga – primeiro edifício construído em Uberlândia – com seus próprios avós como protagonistas, cercados por amigos. Essa cena materializa o eixo afetivo e memorial que atravessa o disco, reforçando o vínculo entre memórias pessoais e produção artística. “Desde o começo eu queria que cada faixa contasse uma história, que tivesse corpo e alma. É um trabalho de muita pesquisa, experiência e entrega emocional”, resume obelga.
Último Ensaio Sobre Seus Olhos chega às plataformas no dia 19 de novembro como um convite ao mergulho em um álbum que articula intimidade, crítica social e lirismo, ao mesmo tempo em que expande os limites do rap nacional.




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