O pagode voltou ao topo das paradas e se consagrou como o gênero musical mais ouvido no Brasil no primeiro semestre de 2025. O levantamento divulgado pela Pro-Música Brasil, com dados coletados das principais plataformas de streaming (Spotify, YouTube, Deezer, Apple Music, Amazon Music e Napster), mostrou que o ritmo desbancou o sertanejo, que ocupava a liderança absoluta há sete anos.

A música mais executada no país neste período foi “Coração Partido (Corazón Partío)”, do grupo Menos É Mais, que ajudou a consolidar a retomada do pagode ao centro da cena musical. Além do pagode, completam o ranking dos gêneros mais ouvidos o funk/trap, o sertanejo, o arrocha e os hits internacionais. O funk e o trap seguem firmes entre os favoritos do público jovem e ocupam a segunda colocação geral. Já o sertanejo, que dominava o mercado, caiu para a terceira posição. O arrocha também aparece com força, e músicas internacionais, mesmo com menor presença, se mantêm no top 5.
A vitória do pagode tem raízes profundas. Surgido nas comunidades negras do Rio de Janeiro, o estilo nasceu a partir das rodas de samba no fim dos anos 1970 e início dos 80. Nas décadas seguintes, grupos como Raça Negra, Só Pra Contrariar, Exaltasamba e Fundo de Quintal transformaram o pagode em fenômeno nacional, com melodias românticas e letras que retratavam a vida cotidiana das periferias.
Nos últimos anos, o gênero passou por uma renovação com nomes como Thiaguinho, Ferrugem e o próprio Menos É Mais, que incorporaram arranjos modernos e conquistaram públicos de diferentes gerações. O sucesso atual também reflete uma demanda crescente por sonoridades que evocam afeto, comunidade e alegria, em contraponto à estética mais agressiva ou comercial de outros estilos.
De acordo com a Pro-Música Brasil, 94% das 50 músicas mais ouvidas no semestre são nacionais, um indicativo da força da produção brasileira. O pagode, em especial, demonstra sua vitalidade ao dialogar com novas plataformas, fortalecer sua base popular e, ao mesmo tempo, conquistar espaço em festivais e grandes palcos pelo país.
Mais do que um fenômeno de números, a liderança do pagode também representa um resgate cultural importante. O ritmo é herança direta das tradições afro-brasileiras e segue sendo um espaço de encontro, celebração e resistência. O retorno ao topo reforça a relevância da cultura preta no coração da música nacional.




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