No cenário atual da moda e da publicidade, a palavra “diversidade” virou quase um bordão, algo que muitas marcas dizem abraçar, mas que, na prática, ainda é distante da realidade. DJ Tamy, que acompanha esse movimento de perto, comenta que muito do que se fala sobre inclusão é ainda superficial: “Muitas marcas falam de diversidade porque estão sendo cobradas, mas essa diversidade de fato ainda não está ali de verdade”.


Para a artista, a presença de pessoas pretas e de corpos diversos nas campanhas é visível, mas longe do ideal. “A representatividade de igual para igual, essa ainda parece uma utopia. A gente vê pessoas pretas e gordas ocupando espaços, mas o que a gente quer é que isso seja natural, cotidiano, não exceção”, afirma.
Mais do que uma tendência de marketing, a diversidade precisa ser uma prática genuína, incorporada na essência das marcas e na forma como elas se relacionam com seus públicos. E é nessa chave que a relação de Tamy com a moda ganha profundidade, para ela, vestir-se é uma extensão de sua própria história, da sua identidade enquanto mulher preta.
Seu visual, que ela define como maximalista, colorido e com influências do streetwear, é uma afirmação tão poderosa quanto sua música. Durante a adolescência, chegou a se questionar se o mundo aceitaria uma mulher com tanta cor, tantos acessórios, tanta presença.
Mas a resposta veio na forma mais simples: ser ela mesma bastava “Mais do que seguir modas, acredito na construção do próprio estilo a partir da nossa história individual. Moda, música… tudo é comunicação. E se é pra comunicar, que seja com verdade, com afeto, e com aquilo que acreditamos e representamos” enfatiza Tamy.
Cada peça que veste carrega um significado e um chamado para a
ancestralidade, para a força das irmãs pretas, para a resistência de seus antepassados. Tamy diz que sua roupa é um manifesto e complementa: “Quando me vejo no espelho, vejo potência e quero que as meninas pretas se vejam assim também, que entendam que seus corpos merecem ser celebrados, vistos e respeitados.”
Na música, no visual e no discurso, a DJ segue como uma força criativa e um agente de mudança. Sua estética não é apenas uma escolha visual, é uma forma de diálogo que atravessa o palco, as capas e os espaços que ocupa, sempre carregando uma mensagem política, afetiva e profundamente conectada à sua identidade. “A inclusão é uma pauta que muitas pessoas, como eu, têm colocado em movimento, querendo que isso de fato aconteça”, finaliza Tamy Reis.




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