Na manhã desta quinta-feira (29), o Brasil acordou com uma notícia que está movimentando a internet e escancarando, mais uma vez, o tratamento desproporcional dado a pessoas pretas e faveladas em nosso país. O MC Poze do Rodo foi preso sob a acusação de apologia ao crime e envolvimento com o Comando Vermelho, facção criminosa do Rio de Janeiro. A prisão ocorreu na casa do artista, na Zona Oeste do Rio.

Segundo as investigações, as letras de suas músicas e suas apresentações fariam apologia ao tráfico de drogas e ao uso ilegal de armas, além de incitar confrontos armados entre facções rivais. No Brasil, apologia ao crime é prevista no Artigo 287 do Código Penal. Em termos simples, significa defender publicamente um crime ou elogiar um criminoso, tratando ações ilegais como aceitáveis ou dignas de admiração. A pena prevista é de 3 a 6 meses de prisão, ou multa.
De acordo com a Polícia, as investigações seguem em andamento para identificar outros envolvidos na organização dos eventos e seus possíveis financiadores, suspeitos de integrar a cadeia de apoio financeiro e logístico à facção criminosa.
Prisão desproporcional
A repercussão do caso está sendo imediata e intensa. Nas redes sociais, muitas pessoas têm criticado duramente a forma como a polícia tratou o cantor, que foi preso descalço, sem camisa e algemado — um tipo de abordagem que raramente é vista quando pessoas brancas, mesmo famosas, são presas ou conduzidas à delegacia em circunstâncias semelhantes.
Fica evidente a tentativa de construir uma imagem do artista como um criminoso, uma pessoa perigosa — aquela velha narrativa que a mídia insiste em usar para reforçar o racismo e o preconceito estrutural contra pessoas pretas e faveladas.
Não estamos aqui para afirmar se Poze é inocente ou culpado — isso cabe à Justiça. Mas já sabemos o que estão tentando fazer: transformar Poze em exemplo. Um exemplo de que não basta ser preto, famoso e bem-sucedido — é preciso ser domesticado.




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