Uma adolescente negra de 15 anos, bolsista do tradicional Colégio Presbiteriano Mackenzie, em Higienópolis (SP), está internada em uma unidade de saúde mental depois de ser encontrada desacordada com um saco plástico na cabeça dentro do banheiro da escola. A mãe da jovem denuncia: ela era vítima de racismo, bullying e ataques homofóbicos desde 2024.

Segundo relatos da família, a estudante foi chamada de “cigarro queimado”, “lésbica preta” e ouviu frases como “volta pra África” por parte de colegas de classe. Além disso, foi coagida a beijar um aluno no banheiro — o ato foi filmado e usado para chantageá-la. Tudo isso dentro do ambiente escolar, sem que medidas concretas fossem tomadas pela instituição.
A mãe da aluna afirma que procurou a coordenação diversas vezes para relatar os episódios. Em vez de acolhimento, recebeu descaso. Uma coordenadora chegou a dizer que a estudante fazia “mimimi” e deveria se sentir grata por estudar em uma escola “de qualidade” sem pagar. O caso escancara o racismo estrutural, elitista e institucional que permeia muitos colégios particulares, onde o corpo negro ainda é visto como “intruso” mesmo quando está ali por mérito.
A escola, em nota, disse que “prestou atendimento imediato” e está “apoiando a família”. Mas a pergunta que ecoa é: onde estava esse apoio quando a adolescente era diariamente violentada psicologicamente? Quantas vezes uma estudante preta precisa pedir socorro para ser levada a sério?
O Colégio Mackenzie é uma das instituições de ensino mais tradicionais de São Paulo, símbolo da elite paulistana. E como tantas outras, parece incapaz — ou desinteressado — de lidar com a pluralidade racial, social e de identidade de seus alunos.
O caso não é isolado. Jovens negros em escolas brancas, especialmente bolsistas, são constantemente alvos de micro e macroagressões — do apagamento até o abuso. A escola vira um campo de guerra emocional, onde a cor da pele vira alvo, e o mérito vira desculpa para silenciamento.
Organizações como a Uneafro Brasil têm alertado: precisamos de uma educação antirracista já. Não se trata apenas de inclusão formal, mas de garantir permanência com dignidade e respeito.
A estudante segue internada e em recuperação.




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