A Polícia Federal indiciou o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, por suspeita de envolvimento em um esquema de manipulação de resultado no futebol brasileiro. A investigação aponta que o jogador teria forçado a aplicação de um cartão amarelo durante a partida contra o Santos, válida pelo Campeonato Brasileiro de 2023, com o objetivo de favorecer apostadores. A ação seria parte de um esquema que envolvia familiares e conhecidos do atleta.
Segundo a apuração da PF, o cartão recebido por Bruno Henrique teria sido intencional, atendendo a uma aposta específica no mercado de cartões, prática que vem sendo cada vez mais monitorada pelas autoridades esportivas e policiais. O episódio integra um inquérito mais amplo que investiga manipulações semelhantes em partidas de diferentes clubes do país.
Além do camisa 27 do Flamengo, outras nove pessoas foram indiciadas, incluindo supostos apostadores ligados ao jogador. A PF aponta indícios de que Bruno Henrique estava ciente da aposta e que teria colaborado com a ação para garantir o ganho financeiro de pessoas próximas. As apostas teriam sido feitas em plataformas ilegais e internacionais.
Consequências possíveis
Caso as acusações sejam confirmadas, Bruno Henrique pode enfrentar punições severas. De acordo com o artigo 41-C do Estatuto do Torcedor, manipular resultados esportivos pode resultar em pena de reclusão de dois a seis anos, além de multa. No âmbito esportivo, o jogador pode ser banido do futebol, caso a Justiça Desportiva considere comprovada a infração.
Especialistas apontam que, embora o indiciamento não configure culpa, o impacto na imagem do atleta e do clube é significativo. O advogado criminalista Eduardo Freitas, especialista em direito esportivo, explica:
“O indiciamento é uma fase de formalização de suspeitas. A denúncia e eventual condenação ainda dependem do Ministério Público e do Judiciário. No entanto, o simples envolvimento já pode gerar suspensão preventiva e consequências para contratos e patrocínios.”
Flamengo ainda não se pronunciou oficialmente
Até o momento, o Flamengo não divulgou posicionamento oficial sobre o caso. Fontes ligadas à diretoria afirmam que o clube está acompanhando a investigação de perto e aguarda mais detalhes antes de se manifestar publicamente. Em nota breve, a assessoria do clube reiterou o compromisso com a ética esportiva e a presunção de inocência dos envolvidos.
Bruno Henrique, ídolo da torcida rubro-negra desde sua chegada em 2019, tem contrato com o Flamengo até o fim de 2025. O jogador vinha se recuperando de uma lesão muscular sofrida em março, durante o clássico contra o Vasco, e estava fora dos jogos da final do Campeonato Carioca.
Contexto mais amplo
A manipulação de resultados no futebol tem sido alvo de atenção crescente no Brasil. Em 2023, o escândalo da Operação Penalidade Máxima expôs um esquema semelhante, envolvendo jogadores da Série A e B. A investigação revelou como o mercado de apostas — especialmente em ações pontuais como cartões, escanteios e faltas — tem sido explorado por grupos criminosos, muitas vezes com a cooperação de atletas.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) ainda não se pronunciaram sobre a situação de Bruno Henrique, mas é possível que novas medidas sejam anunciadas nos próximos dias, a depender do avanço das apurações.
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