Ncuti Gtawa brilhou e ainda trouxe suas referências como o primeiro homem negro e gay ao interpretar o famoso Doctor Who. Na produção de ficção científica nos aventuramos com um alienígena chamado Doutor, um Senhor do Tempo que viaja pelo espaço-tempo salvando o mundo de possíveis destruições ou guerras ao lado dos amigos. Dessa vez, vimos um Doutor diferente dos outros até porque a atuação de Ncuti é de tirar o fôlego e traz essa perspectiva para pessoas negras lutarem pelos seus sonhos, assim como ele salva o mundo com muita inteligência e coragem.


As expectativas em cima do Ncuti eram altas porque ele sucedeu a atriz Jodie Whittaker, que chegou a dar conselhos valiosos para que ele pudesse lidar com a diversas opiniões que surgiriam ao interpretar um papel tão emblemático. Ao assistir aos episódios da série, tive a certeza de que Ncuti absorveu os conselhos e deu um toque a série que apenas ele poderia fazê-lo.
Sendo o primeiro Doctor negro e Queer, ele mostrou para toda a comunidade negra que podemos sim ocupar lugares que simplesmente não nos imaginávamos. Mas não nos imaginávamos não porque não somos bons o suficientes para entregar a excelência, mas sim porque o sistema nos fazia acreditar nisso. Tudo isso foi um ponto positivo também para a comunidade nerd e pop, porque pudemos assistir Ncuti Gatwa apenas sendo um Doutor excelente, sem trazer estereótipos ultrapassados que geralmente assistíamos em personagens negros na ficção científica.
Em entrevista ao The Hollywood Reporter, o ator falou sobre a decisão de abordar a questão racial na história: “Acho que não tinha como evitar.” “É algo que eu gostaria de fazer e não acho que possa ser ignorado. Você não pode ignorar minha cor de chocolate, então não vamos ignorá-la”, brincou ele.
Para se ter ideia, após 60 anos da série, foi a primeira vez que vimos o protagonista com interesse sexual em outro homem. Em um dos episódios, enquanto lutam para resolver um problemão, Doctor e o Ladino protagonizaram um lindo beijo e demonstraram realmente um carinho enorme um com o outro. Por essa e outras inúmeras razões, a representatividade que Ncuti trouxe a série realmente transcende a ficção. Dá para imaginar a quantidade de pessoas LGBTQIA+ que se enxergam dentro daquele personagem, que não demonstra medo de amar quem ele quiser.
Outro ponto que não podemos deixar passar foi o episódio em que Doctor sofre racismo. Sem muitos spoilers, esse foi um episódio difícil de assistir mas rapidamente entendi a importância dele. Gostei da forma como a série trouxe um assunto tão sério como uma forma de alerta, já que estamos falando de um protagonista negro. Basicamente, a trama nos mostra que o racismo está enraizado nas pessoas e que mesmo sendo um alienígena, Doutor é um alienígena preto que tem que lutar contra essa questão diariamente.




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