A rapper e compositora N.I.N.A lançou no final de agosto o seu novo álbum intitulado ”Para Todos Os Garotos Que Já Mamei”, o álbum conta com 7 faixas e participações especiais de nomes como MC Luanna, Sant e outros grandes nomes da musica brasileira.


Conversamos com exclusividade com a rapper para falar sobre seu novo lançamento e dar alguns detalhes da criação e produção do álbum e também outros assuntos da cena do rap nacional, confira:
Nicomedes – Seu novo album ”Para todos os garotos uqe já mamei” tem como inspiraçãoa sua vivencia, gostaria ue falasse de como foi a sua vivencia na favela que inspirou seu novo trabalho?
N.I.N.A – Tive a ideia assistindo a serie com uma amiga, fiz uma brincadeira com o nome da serie e caímos na risada, dai vimos que poderia ser um bom nome para o projeto e a partir dali fui colocando minhas ideias e vivencias.
Nicomedes – Como você vê o amor hoje enquanto uma mulher preta?
N.I.N.A – Então, quando eu percebi que o amor tinha inúmeras nuances…Quando eu vivi as nuances do amor, sabe? Tipo, tanto as boas quanto as ruins, eu percebi que eu precisava falar sobre isso. Eu precisava falar que a mulher preta precisa ser amada. Não é precisa, ela pode ser amada, entende?
Ela pode ser amada de maneiras totalmente leves. Ela pode ouvir coisas que ela nunca imaginou que ouviria. Porque a gente cresce com esse ideal, depois que a gente percebe que a vida não é assim, essa idealização morre. E aí a gente acaba aceitando certas coisas que não são para serem aceitas, sabe? A gente perpetua aquilo que a gente aprende quando cresceu na família, a gente perpetua aquilo que a gente viu nos nossos ambientes de vivência mesmo. E a gente passa por tanta coisa, tanta coisa, que no final das contas a gente acha que não merece amor.

Nicomedes – Na matéria de lançamento do álbum você relata um ponto de virada na sua carreira, como foi todo esse processo e lhe dar com ele em meio a produção do álbum?
N.I.N.A – Eu sou muito filhotinha de Beyoncé. Eu sou muito fã da Beyoncé. E aí, desde que eu a conheci eu percebi que ela é muito atenta em detalhes. Tudo que ela faz é meticulosamente pensado, ela faz tudo com calma, ela não tem pressa.
E ela sabe o que ela quer causar naquilo ali, o que ela quer pensar naquilo ali. Então, antes de eu fazer essa transição toda, eu pensei muito, muito mesmo em como que eu faria isso, pra que fosse tranquilo pro público, mais ainda pra mim. E quando entra nessa vida artística, a gente passa por muita coisa, principalmente pela idealização externa dos fãs, sabe? Então, durante esse período que eu tava nessa transformação, eu fiquei pensando em maneiras de trazer uma nova cara da N.I.N.A, mas sem deixar de ser a N.I.N.A.
Nicomedes – Vemos muitas rappers criticar e com razão o machismo dentro do cenário do rap e como isso atrapalha e ate encerra carreiras de novas artistas que estão surgindo, como você lhe da com esse machismo e o machismo também presente dentro do rap?
N.I.N.A – Cara, eu já vivi muito disso, eu fui uma mulher que passou por agressão física dentro de uma relação. Então, a todo momento que eu vejo isso, eu sempre, além de me posicionar, eu faço questão de não deixar as pessoas esquecerem, eu sei como é ser uma vítima que vê a pessoa que causou aquilo a você sendo aclamada, sendo abraçada, sendo 100% acolhida. E você mesmo que é a vítima não tem o acolhimento. E eu acho que isso que acontece, dentro das relações, e dentro da cena do rap é muito reflexo do que eles acham sobre as mulheres que cercam eles na própria cena,. Tipo, é muito difícil lidar com esse machismo, e até mesmo com as críticas, porque, por exemplo, eu lancei um álbum muito chamativo, é divisor de opiniões, sabe? E toda, toda página de rap, de pop, de imprensa que divulgou, era uma chuva de homem criticando, uma chuva de homem criticando de uma maneira tão absurda, chamando de piranha, perguntando o quanto que era pra mamar mais um e etc. E aí eu fiquei olhando assim e de início eu me senti desconfortável, só que aí eu lembrei que minha música não era pra homem.

Então a partir do momento que eu tô incomodando o homem a ter o cis, e mulher branca feminista, radfem e etc eu estou muito feliz, entendeu? Muito feliz, de verdade. Porque o meu trabalho é para mulheres, mulheres pretas, o meu público LGBTQIAP+, até porque eu sou bissexual, eu gosto de trazer a minha liberdade para as minhas músicas.
E machismo na cena, cara. Sendo bem sincera. Uma coisa que não é novidade. A gente lida com isso todo santo dia de maneiras inimagináveis pra quem veio de fora, real. Eu posso afirmar que eu sou uma pessoa que cheguei aonde cheguei sozinha, mas a todo momento alguém tenta trelar isso a algum homem, então, viver com isso todo santo dia é entender que independente de quem você seja, da história que você tem, que você viveu.
Nicomedes – Entre os feats do album temos a nova e expoente MC Luanna, ue já é uma das faixas mais ouvidas do album de acordo com o Spotify (mais de 120 mil plays), como foi gravar essa faixa?
N.I.N.A – Cara, foi maravilhoso Luana é literalmente a minha melhor amiga da cena musical. a gente fez juntas no estúdio. Então, já pode se imaginar, né? A gente escrevia, começava a rir do que tava escrevendo. Mostrava pra outra, aí ria do que a outra tava escrevendo, enquanto ficava com raiva pra responder, sabe? Foi muito isso, tanto que a nossa música, ela é bem a dinâmica de como foi escrita. É ataque e resposta, ataque e resposta, ataque e resposta. E cara, foi incrível, porque eu sou muito fã do trabalho da Luana, eu acho que ela é uma das melhores lyricistas que existem hoje, e dos últimos tempos.
E eu não falo nem só sendo mulher, sendo rapper mesmo, englobando tudo. Ela é uma mulher incrível, ela tem um coração incrível, ela tem uma arte incrível dentro dela. E foi uma honra gigantesca, nem porque ela é minha amiga, sabe? Porque antes dela ser minha amiga eu já era fã do trabalho dela. Então eu posso dizer que realmente é uma honra incrível ter feito essa música com ela.

Nicomedes – Como está a expectativa para apresentar o novo álbum em suas apresentações?
N.I.N.A – Cara, eu tô muito ansiosa. Porque agora a gente montou uma turnê, né? Que vai misturar tanto o PELE quanto o ”Para Todos Os Garotos Que Já Mamei” e alguns feats chave. E aí o nome dessa turnê é ”As trocas de pele da N.I.N.A”. Então é uma parada bem amarrada. A gente tá trazendo bastante dança, voz, efeitos visuais também. Tá tudo acompanhando a minha evolução musical, tem toda uma storytelling dentro dessa turnê. Então eu tô bem empolgada, bem feliz, ansiosa pra ver qual vai ser o retorno do público e confiante também, cara. Acho que a gente montou uma parada muito foda, tipo, bem estruturada, bem legal, bem pensada. Eu montei junto com a Skardak, que é a minha coreógrafa, ela deu um nome nisso tudo. De verdade, ela foi absurda. Acho que eu tô pronta pra jogar isso pro mundo e pra ver a reação do público.
Nicomedes – 2023, podemos esperar mais alguma novidade da N.I.N.A.?
N.I.N.A – Cara, pro final desse ano vai ser concentração total, na turnê. Montamos ela tem pouco tempo, então a gente vai lapidando ela aos poucos pra poder estar ajustando de uma maneira que fique 100% sincronizada. Mas eu já tô começando a trabalhar a continuação desse álbum. E não vou dizer nome nem nada disso, porque vai ser um mistério pra todo mundo. Eu não tô trazendo nada de referência da continuação, porque eu quero que seja uma surpresa.
Então, eu já tô trabalhando em cima dessa continuação, mas tudo indica que ela não vai sair agora em 2023, só 2024, pra eu poder descansar também, que eu tô ficando já louca, transtornada com tudo que tá acontecendo (risos).



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