A atriz Tulanih de34 anos, nasceu em Caxias. Ela é graduada em Licenciatura em Teatro – UNIRIO e viveu uma manifestante na série ” Falas Negras”.  Agora, ela comemora 2023 com pé direito após destaque na série ” Olhar Indiscreto” como a delegada Inês e também por ser destaque em ” Vai na Fé” como a manicure Janaína. 

Tulanih Fotos: Rodrigo Lopes

“Esse momento está sendo muito especial por ser minha primeira novela na Globo onde minha personagem tem uma trama e por essa novela ser a Vai na Fé, que é o maior fenômeno da TV brasileira atualmente e, sem dúvida, já entrou para a história.”, diz Tulanih

A atriz também fala sobre sua infância na Baixada Fluminense. 

“Eu nasci em Duque de Caxias, dentro de casa, no bairro Gramacho, famoso por ser citado na música “Baile da Pesada” da Fernanda Abreu. Fiz todo meu ensino colegial lá e também meu primeiro curso de teatro. Era o ano de 2005, eu tinha 15 anos e dava início aos meus primeiros passos como atriz nas oficinas teatrais do SESI/Duque de Caxias, ministradas pelo Fábio Santini. Foram anos de muito aprendizado e prática nos palcos até a minha profissionalização. O Sesi foi o espaço que me abraçou como aluna e anos depois como professora e diretora. Foram quase sete anos à frente das turmas juvenil, adulta e terceira idade, assim como a companhia Em Cena SESI”, conta . 

A artista fala sobre a importância da representividade, inclusive, para meninas e mulheres da Baixada Fluminense. 

“Quando uma mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela.” Palavras da filósofa norte-americana Angela Davis e que nos serve muito bem quando pensamos o impacto que uma artista, mulher negra da baixada, mãe solo,  consegue um espaço numa novela de grande sucesso, de uma das maiores emissoras do mundo. Poderíamos tentar dimensionar o tanto de vidas que são tocadas quando esse tipo de coisa acontece, mas seria em vão, pois é muito mais profundo.

A única certeza que podemos ter é que quando uma criança, um jovem ou uma pessoa que mora em situação de vulnerabilidade e escassez, que cresceu vendo muitos dos seus direitos negados e invisibilizados tem a oportunidade de se ver representada e inspirada por alguém que veio do mesmo lugar, isso mudará a percepção de vida dela para sempre. Porque é isso que arte faz. Ela questiona as estruturas, desloca nosso olhar para desejos de realizar aquilo que outrora julgamos nem sequer merecer, ela nos permite sonhar e nos integra ao mundo e ao outro.

E o que seria de nós sem nossos sonhos? E por isso é fundamental e urgente a criação de mais espaços artísticos e fomento à cultura na baixada, nas regiões periféricas e em todos os territórios “marginalizados” pelo Estado e a sociedade. É preciso reconhecer os artistas que já sobrevivem nesses lugares e oferecer meios de garantir a continuidade de projetos artísticos, das companhias teatrais, dos grupos de tradições populares e dos profissionais de todos os segmentos das artes que existem nesses lugares.

O que a gente não pode esquecer é que essas pessoas já estão lá. Há uma cena que já acontece e resiste em meio a tanto desmonte e falta de investimento. O acesso à cultura e aos equipamentos culturais é um direito de todos, sem exceção! A arte sempre movimentou o mundo, seja ideologicamente, intelectualmente e, principalmente, economicamente. Já pararam para pensar em como um indivíduo poderá se emancipar e contribuir com o desenvolvimento social e econômico de seu entorno, se seu trabalho artístico puder ser dignamente reconhecido? Em como todo mundo sairá ganhando quando permitirmos que as pessoas, independente de onde vivem, possam  ter a mesma oportunidade de acesso à cultura”? – Explica Tulanih


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