Mulheres Pretas que Inspiram

Dia Internacional da Mulher: artistas, ativistas, jornalistas e escritoras negras protagonizam exposição em São Paulo

Mulheres negras que são destaque na arte, política, comunicação e empreendedorismo têm seus trabalhos em destaque na exposição ‘Intersecções: Negros (as) indígenas e periféricos(as) na Cidade de São Paulo’, que tem idealização e realização do Museu da Cidade e curadoria de um coletivo de curadores formado pela empresária Adriana Barbosa, o jornalista Nabor Jr. e o historiador Eleilson Leite, em colaboração com a líder indígena Jera Guarani. A mostra, que reúne mais de 300 objetos entre fotografias, pinturas, vídeos, instrumentos musicais e figurinos de diversas linguagens artísticas, apresenta uma homenagem aos feitos de grandes mulheres negras. Entre os trabalhos expostos estão a Feira Preta, o maior festival negro de empreendedorismo da América Latina, que é gerido pela curadora Adriana Barbosa; o quilombo urbano Aparelha Luzia, gerido por Erica Malunguinho, primeira deputada estadual transgênero eleita; o site Mundo Negro, primeiro portal a produzir conteúdo sobre personalidades negras há pouco mais de 20 anos, liderado pela jornalista Silvia Nascimento; um estandarte inédito feito para o bloco afirmativo Ilú Obá de Mim, feito pela Dona Jacira; e grifes da estilista Marisa Moura, referência em moda afro para artistas como o Isaac Silva, que também está na exposição, e já a usou de referência mais de uma vez no São Paulo Fashion Week. 

Adriana Barbosa Foto: Divulgação

Com produção da Ayo Cultural e identidade visual do ilustrador e designer Alexandre de Maio, a exposição é gratuita e estará disponível para visitação até o dia 28 de julho, de terça a domingo, das 09h às 16h. E em celebração ao Dia Internacional da Mulher, data que celebra conquistas femininas, mas que também abre o debate para os problemas de gênero que o mundo ainda enfrenta, reunimos aqui um pouco mais sobre cada uma das mulheres homenageadas na exposição:

Adriana Barbosa

CEO da Plataforma PretaHub e Presidente do Instituto Feira Preta, a empresária Adriana Barbosa é formada em gestão de eventos com especialização em gestão cultural pelo Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação da ECA – USP. É a criadora da maior feira de cultura negra da América Latina, a Feira Preta, que em 20 anos já percorreu diversas cidades e reuniu mais de 200 mil pessoas, movimentando cerca de R$ 6,5 milhões, sendo reconhecida por este trabalho com a condecoração de comendadora pela Ordem de Mérito Rio Branco (Ministério de Relações Exteriores) e com o Troféu Zumbi dos Palmares (Assembleia Legislativa do Estado de SP). Como empreendedora social,em 2017 foi homenageada como uma dos 51 negros com menos de 40 anos mais influentes do mundo, segundo o Mipad. 

Em 2020, foi reconhecida como a primeira mulher negra entre os Inovadores Sociais do Mundo no Ano, pelo Fórum Econômico Mundial e passou a integrar o time de empreendedores sociais da Rede Schwab. Através do programa Conversando a Gente se Aprende, realizado junto a Mandacaru, faz uma consultoria em diversidade e inclusão racial em grandes empresas como Netflix, Facebook, Google, Pão de Açúcar, Natura, MAC e Avon. Atualmente, também compõe os conselhos do Sistema B, Instituto Ethos, GIFE, e faço parte dos comitês de igualdade racial das empresas AMBEV e Carrefour.

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Erica Malunguinho

Fruto de uma família de militantes de movimentos populares, Erica Malunguinho é uma deputada e educadora nascida e criada em Pernambuco. E foi lá, na cidade de Recife, que, aos 17 anos, iniciou a sua pesquisa em artes performáticas, elaborando questões de construção de identidades transvestigeneres. No auge dos seus 20 anos, Erica chegou a São Paulo e continuou com a pesquisa, agregando o universo da educação e das relações étnico-raciais. Por mais de uma década continuou com a formação de docentes e gestores de escolas, creches, ONGs e da rede de circos-escolas. Em 2016, criou a Aparelha Luzia, um centro cultural e quilombo urbano, com o objetivo de tornar-se um espaço de convivência e circulação de artistas negros, localizada no Centro de São Paulo.

Silvia Nascimento

Jornalista formada pela PUC – Campinas, Silvia Nascimento é fundadora e CEO do Mundo Negro, o primeiro e principal portal de notícias sobre comunidade negra na América Latina, que tem mais de 20 anos de história. Em 2006, ela foi responsável pelo primeiro programa para creators negros no Brasil em parceria com Google. Porém, nos últimos 10 anos, Silvia tem se dedicado integralmente ao site, migrando do jornalismo para a gestão de negócios. Em junho de 2022, Silvia foi convidada pelo governo americano para fazer parte do primeiro IVLP (International Visitor Leadership Program) com jornalistas negros do Brasil, que contou com a presença de profissionais da Globo, CNN e Folha de S. Paulo. E também em 2022, foi uma das finalistas do Troféu Mulher Imprensa na categoria Liderança.

Dona Jacira

Jacira Roque de Oliveira, mais conhecida por Dona Jacira é escritora, poeta, artesã e mãe dos rappers Emicida e Fióti, este que produziu um documentário em sua homenagem e para registro de sua história ‘Dona Jacira – O Legado (2022)’, que foi dirigido por Gabi Jacob. 

Figura importante na carreira dos filhos, ela tem construído seu próprio protagonismo na mídia mesmo antes do documentário, com coluna em podcasts, como o Meteora, e na editoria ECOA do UOL. 

Embora desincentivada a escrever na própria escola quando criança, ela passou essa inspiração aos seus filhos e passou a cultivar seu dom ao longo da vida sempre sobre temas da vida e de seu próprio cotidiano, que como uma mais velha sempre traz muito resgate e reflexões importantes. “Os professores rasgavam o que eu escrevia, já fui chamada de ladra de texto alheio. E eu comecei achar que escrever era um castigo. Mas quando eu começo a entender que este é o meu dom, eu volto lá atrás pra buscar essas Jaciras, essa criança que foi proibida de escrever. A gente não pode deixar de escrever, escrever é estar a par com a memória.”, relata a escritora em entrevista ao site UOL. Na exposição ‘Intersecções: Negros (as) indígenas e periféricos(as) na Cidade de São Paulo’ ativa no Museu da Cidade de São Paulo ela inaugura um estandarte criado por ela para o bloco afirmativo Ilú Obá de Mim que estreou nesse retorno do carnaval em São Paulo.

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Marisa Moura

Tendo o trabalho artesanal no DNA da família, Marisa Moura é estilista e referência máxima da moda afro. Ela, que teve o seu primeiro trabalho dentro deste contexto, no ano de 1997, em um desfile de moda afro, hoje serve de inspiração para outros artistas como o Isaac Silva, que a usou de referência mais de uma vez no São Paulo Fashion Week, maior evento de moda do Brasil e o mais importante da América Latina, além de ser a quinta maior Semana de Moda do mundo, depois das de Paris, Milão, Nova York e Londres.

SERVIÇO

Exposição Intersecções: Negros (as) indígenas e periféricos(as) na Cidade de São Paulo’

Local: Solar da Marquesa de Santos e Casa da Imagem/Museu da Cidade de São Paulo

Endereço: R. Roberto Simonsen, 136 e 136B – Centro Histórico de São Paulo, São Paulo – SP, 01017-020

Período de visitação: Terça a domingo, das 09h às 16h, até 28/07

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